Concurso para centro cultural em Araras
Memorial
Cidades – pequenas, médias, grandes; metrópoles locais ou regionais – tem hoje uma obrigação com seu cidadão: permitir que o futuro seja construído sobre a reflexão da sua existência, baseada na observação e na convivência com a sua história e com a história de seus Homens.
O Centro Cultural, local de convívio e espaço dedicado à preservação desta história, faz a deteriorada estação de trem de Araras renascer para se tornar um exemplo de reaproveitamento de antigos sítios e edificações importantes para a memória de seus habitantes.
Não será mais uma estação para chegar ou partir, será uma estação para estar, estudar e se divertir.
O partido adotado para o projeto do Centro Cultural partiu de alguns conceitos fundamentais: produzir um edifício permeável à cidade, com uma implantação espalhada pelo terreno, deixando os ambientes à mostra estimulando assim os habitantes a participarem das atividades de uma maneira franca e sem obstáculos; promover uma implantação mais dispersa misturando as construções antigas de maior importância para o conjunto (edifício da estação, dois galpões e marquise) com discretos volumes modernos instigando o usuário à reflexão sobre o tempo e a história; manter uma geografia que diz respeito aos espaços das estações de trem nas cidades do interior paulista, espaços longilíneos com marcantes pontos de fuga que enfatizam as visadas do horizonte.
O conjunto se organiza ao longo da plataforma antiga, portanto do sítio da linha férrea, com sua cobertura recuperada e ampliada. As várias construções que abrigam atividades diferentes, são acessadas por esta longa circulação. As entradas do conjunto se fazem pelas duas extremidades da circulação nos estacionamentos ou direto da rua. Como a antiga frente da estação está bloqueada pela fábrica da Nestlé, estas construções compõem um novo cenário que agora faz parte dos ambientes e jardins internos ao centro.
Os blocos de ateliers e das áreas de exposição implantadas sobre a linha férrea, serão construções moduladas (dois a dois) fechadas lateralmente, sempre iluminadas pela cobertura através de “sheds”. Este formato permite a integração dos espaços longitudinalmente.
Os jardins-intervalos entre os blocos poderão ser ligados por passagens eventuais promovendo ligações e novos espaços para atividades externas contíguas aos ateliers.
O auditório está implantado em uma situação semi enterrada, sem participar como mais um volume de porte no conjunto, com condições de isolamento térmico e acústico adequadas. Seus acessos podem ser feitos por escada e elevador situados em sua cobertura ou ainda por uma ampla rampa de 3 metros de largura ligada ao jardim. Com esta situação aproveita-se sua cobertura, um espelho d’água impermeabilizante, como continuidade do deck do café e biblioteca.
Os dois galpões antigos foram considerados de maneiras diferentes: o que está em melhor estado será reconstituído abrigando o cyber café, a lanchonete, a loja e a biblioteca. Um amplo deck em nível amplia seu espaço para fora do ambiente coberto, permitindo atividades e eventos externos. Este conjunto funciona também como apoio às atividades do auditório.
A outra construção será deixada como ruína, com suas belas paredes de tijolos aparentes criando um local para shows, exposições e festas descobertas. A entrada por esta extremidade, atravessa o ambiente com uma rampa que recorta o seu espaço interno.
A grande área ajardinada foi idealizada para que o Centro Cultural abrigue além das atividades específicas, um pequeno parque aberto à toda população.
Arquitetos
Nina Andrade Domingues, Adriana Zampieri, André Vainer, Bruno Layus, Guilherme Paoliello, João Paulo Meirelles de Faria e Manoel Maia